segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um novo olhar sobre o mundo da pesquisa

Sr.s após um longo tempo sem escrever - lembro que o último post foi em 14.mar.2012 - de lá pra cá muitas novidades surgiram. Pois bem, vamos a elas: o curso sobre os Fundamentos da Mecânica Quântica, que postei no anterior a este aqui não estou mais seguindo, pois coincide com o meu horário de Francês Regular nível 2. Acredito que perdi por um lado não podendo mais participar dos constructos teóricos que o prof. Osvaldo P. Júnior nos apresentou, mas por outro lado preciso melhorar meu francês para pleitear meus estudos na França ano que vem (2013 ou 2014 (?)).

Além disso, as aulas da pós-graduação com a prof.a Maria da Graça J. Setton nas segundas-feiras de manhã, sobre o sociólogo Norbert Elias têm me dado mais estímulos para me debruçar sobre os estudos que faço sobre a sociedade, cultura e valores. Em particular a análise dos aspectos de configuração da UFPR Litoral com sua história, seu contexto, seus espaços de atuação e suas formas de legitimação. Já consegui ler boa parte do livro "Introdução a Sociologia" onde o autor descreve seu ponto de vista sobre a formação da sociedade - sugiro fortemente a leitura várias vezes desta obra.
Também li "A sociedade de corte" onde se descrevem os processos de manutenção do poder por Luís XIV, a forma como o rei sustenta a aristocracia e a burguesia. Os aristocratas procuram manter seu status social e para tal criam ou mantêm etiquetas sociais de corte que são altamente excludentes para a ascensão social da burguesia, estes comportamentos cada vez mais sofisticados não possibilita que outras classes venham a substituir a sua como a favorita do rei. O autor também detalha aspectos arquitetônicos das construções das diferentes classes sociais, as etiquetas à mesa, na cama - o levantar e dormir do rei e de sua família -, no dia a dia destas classes. É interessante observar que o rei necessita manter o equilíbrio desigual destas classes para que consiga se manter no poder. Ele cria tensões internas necessárias para que a sociedade de corte se mantenha forte, apesar de várias mazelas que a aristocracia sofre para ascender nesta sociedade e dos fortes comportamentos antissociais pensados pela nobreza para que a ascensão da burguesia não seja valorizada.
Manter forte a corte passa pela manutenção de comportamentos sociais que não agradam aos nobres como um todo, mas são necessários para manter no devido degrau o rei e sua família e em degraus abaixo os demais vassalos do castelo real.
Novas leituras sobre Norbert Elias ainda serão feitas ao longo deste semestre e trarei aqui as minhas interpretações sobre o autor.

Assisti recentemente o filme "Um método perigoso", de David Cronenberg que relata o nascimento da psicanálise e as tensões existentes entre Freud e Jung* nas concepções sobre os fundamentos desta nova ciência, ambos pais fundadores de correntes não necessariamente coincidentes. Com um roteiro que pode chocar alguns ou deixar outros com desejo de quero mais, como é o meu caso, temos aqui interessantes interpretações que se faz sobre os métodos psicanalíticos. O filme foca em Jung na sua busca da comprovação do método psicanalítico como, por exemplo, aquele de se colocar atrás do analisado. Li recentemente o livro "O Livro da Dor e do Amor" de Juan-David Nasio, onde o autor descreve que a dor física ou da perda são os mesmos tipos de dor, ou seja, em outras palavras dor e amor são os mesmos tipos de sentimentos, mas sentidos de forma pouco diferente pelo psique. Esclareço. A dor física pode ter a ver com um membro que fora amputado ou perdido, uma dor de agressão ou de algum tipo de moléstia fisicamente sentida, é uma dor que o organismo psíquico sente da mesma forma que qualquer outra dor. A dor da perda, ou dor de amar, relaciona-se mais com a perda de um ente querido, alguém especial que se quer ou que se ama, entendida pelo psique também como uma perda, uma dor (do amor).
Pois bem, no filme Jung possui uma amante que tem prazer em apanhar no sentido masoquista, este já é um prazer que vem da infância e que persiste até a sua idade adulta. A amante sente prazer em sentir dor física ou de humilhação e não somente para si, mas em situações em que dores ou humilhações aconteçam com qualquer pessoa ou coisa, um sadismo. É como se o organismo psíquico dela necessitasse deste tipo de situação para se satisfazer. Num determinado momento Jung e a paciente, sua futura amante, estão passeando e o casaco dela cai ao chão e ele bate no casaco da amante para limpá-lo e ela goza, pois sente prazer na dor de ser humilhada pelo psicólogo. Num outro momento ele desiste dela como amante e ela sente a dor da separação, mas ao contrário do que se esperaria de um ser humano normal, ela sente prazer em ser desprezada, novamente goza.

E por último sobre minhas caminhadas disciplinares aqui na USP: as aulas que assisto como monitor PAE aqui na USP tem me trazido muitas elucidações sobre os pensamentos clássicos dos autores como Émile Durkheim, Peter Ludwig Berger, Norbert Eliasm e Charles Wright Mills. Em outro momento detalharei mais sobre estes autores e suas relações.

Sobre o doutorado em si acredito que começarei em breve a remexer ideias que o pacto denegativo - aquilo que não se questiona - da UFPR setor Litoral tem escamoteado: suas angústias, seus problemas e os desejos que cada um almeja quando se faz parte de um grupo como este com seus ideais emancipatórios. Penso que cada ator deste setor da universidade abdicou de certos ideais para fazer parte deste sonho para que sua psique se satisfizesse, mas quais são estes sonhos? O que os motivo a continuar participando deste projeto? Que "coisas" devem ser agora externalizadas para que amadurecimentos grupais aconteçam? E assim vai... há muitas outras questões que pretendo começar a analisar.

* Em versão anterior deste texto havia me referido a Lacan, o correto é Carl Gustav Jung (1875-1961). Foi um enorme erro e peço desculpas aos leitores.

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