sábado, 24 de novembro de 2012

Psicologia de grupo e a análise do ego (1921)

Retorno às escritas aqui do Blog novamente pedindo desculpas pelo atraso em novas postagens - afinal a última postagem foi em 12 jun.2012 (!) - e na suspensão temporária da parte III do meus comentários sobre "Totem e Tabu", de Freud.
Aqui hoje pretendo fazer comentários sobre um leitura que fiz por indicações recorrentes que aparecem no livro "O grupo e o inconsciente: o imaginário grupal", de Didier Anzieu. Em breve farei também postagens sobre o conteúdo deste livro.
O texto que analiso de forma bastante elementar, escrito em 1921 por Freud é  "Psicologia de grupo e a análise do ego" (leia na Wikipédia um resumo), composto de XII (doze) seções.

Na seção I "Introdução" fica claro que o ser humano é algo mais que um ser que deve apenas ser tomado na sua individualidade, ou seja, ele é um ser que está em constante relação com os outros. As relações que um indivíduo estabelece com sua família, com o seu objeto de amor, com os outros ou com a realidade podem reivindicar uma pesquisa psicanalítica social (ou de grupo), contrastada com àquela desenvolvida levando-se em conta a satisfação dos instintos do indivíduo que procura, de forma parcial ou total, retirar a influência de outras pessoas. Essa psicologia de grupo interessa-se pelo indivíduo como membro de uma nação, de uma casta, de uma profissão, de uma instituição ou como parte de uma multidão de pessoas que se organizam em grupo, num momento determinado e com um objetivo em comum. Essa nova "posição" assumida pelo indivíduo parecer fazer com que ele modifique seus comportamentos, algo de novo surge, um instinto o faz jogar o jogo de outra forma que é diferente daquela em que jogava enquanto não pertencente ao grupo.

Na seção II "A descrição de Le Bon da mente grupal" parte-se de citações da obra de Le Bon (Psychologie des Foules, 1855) para analisar considerações prévias sobre a "mente" grupal. O que é então um "grupo"? Como ele consegue influenciar tanto e de maneira decisiva a vida mental de um indivíduo? E qual é a natureza dessa alteração mental? É pela última dessas questões que Freud intenciona começar a usar as ideias de Le Bon, pois é através da observação das alterações das reações dos indivíduos que temos material para a psicologia dos grupos. A seguir são citados vários trechos da obra de Le Bon em que o autor descreve os comportamentos dos indivíduos num grupo. Resumidamente afirma que os indivíduos num grupo, independente de quem sejam, colocam-se numa espécie de mente coletiva que os faz agir, pensar e sentir de uma maneira muito diferente daquela que cada um faz quando em estado de isolamento - cada "célula" (indivíduo) tem um comportamento no grupo diferente daquela célula quando isolada das demais (dos outros indivíduos). Le Bon destaca o papel do inconsciente como preponderante na vida, ressaltando que muitas características e atos proveem dessas causas secretas, desses motivos ocultos que fogem à nossa observação consciente e Freud comenta que as funções  inconscientes, semelhantes a todos, são expostas à vista. Le Bon acredita que surgem nos indivíduos, quando numa situação grupal, três fatores diferentes: 1 O indivíduo adquire um sentimento de poder invencível, como consequência desaparece o sentimento de responsabilidade, responsável por controlar os indivíduos (manifestações do inconsciente, no qual tudo que é mau na mente humana existe como uma pré-disposição, ou seja, o conjunto de  "regras" sociais dominadas pela consciência desaparecem), 2 O contágio do comportamento do grupo retira do indivíduo seu interesse pessoal, sacrificando ao interesse coletivo, 3 E a sugestionabilidade a que o indivíduo está submetido pelo operador do grupo que o privou de sua liberdade consciente, podendo assim até cometer atos contra o seu caráter e hábitos - ele está "fascinado", encontra-se nas mãos do hipnotizador (operador). Le Bon ainda destaca a redução da capacidade intelectual de um indivíduo quando se funde num grupo. Freud destaca a falta de clareza de Le Bon em descrever esse hipnotizador, quem é ele? Em seguida, destaca-se a relação entre a mente grupal e a mente dos povos primitivos, em que ideias contraditórias podem coexistir e serem toleradas, sem que apareça contradição lógica entre elas, como também é o caso da mente inconsciente dos indivíduos, das crianças e dos neuróticos.
Os grupos exigem ilusões e não vivem sem elas, dão precedência ao irreal em oposição ao real, são influenciados de maneira igual pelo falso ou pelo verdadeiro, não distinguindo entre as duas coisas. Freud destaca que a predominância de uma vida fantasiada e com ilusão, que nasce de um desejo irrealizado, é o fator dominante nas neuroses, ou seja, os neuróticos são guiados pela realidade psicológica e não pela realidade objetiva. Assim, um grupo deixa em segundo plano a função da verificação da realidade das coisas e põe em prioridade a força dos impulsos do desejo.

Na seção III "Outras descrições da vida mental coletiva" Freud destaca que as grandes decisões de pensamento, das soluções dos problemas e dos momentos de descobertas somente são possíveis aos indivíduos em trabalhos isolados, apesar dos grupos se destacarem em atividades como a linguagem, canções e similares. Contudo fica a dúvida: o indivíduo consegue atingir essas conquistas devido ao seu intenso convívio e estímulo com os outros, ou são os outros que aperfeiçoam o indivíduo para que ele atinja essas conquistas? Outro autor é convidado a auxiliar nas ideias, McDougall, afirma que para que uma multidão possa se constituir num grupo esses indivíduos possuem algo em comum uns com os outros, um objeto de interesse em comum ou uma situação emocional que dê certa influência recíproca entre seus constituintes. Quanto mais intenso essa "homogeneidade mental", mais prontamente os indivíduos manifestam uma "mente grupal". Apesar de toda a descrição de McDougall sobre grupos, suas características e tal, ainda fica o problema em como conseguir definir para o grupo aquelas características que eram do indivíduo e no grupo se extinguiram pela formação do grupo?

A seção IV "Sugestão e libido" trata da "sugestão" que pessoas exercem e sofrem num grupo. Freud utiliza o conceito de libido para esclarecer a psicologia de grupo e melhorar a ideia da sugestão.
Assim libido é o nome dado à energia, a essa magnitude dos instintos que têm a ver com tudo o que pode se dizer sobre a palavra "amor". Amor aqui entendido por amor sexual - a união sexual como objetivo, mas também amor próprio, ao próximo, pelos pais, filhos, pela amizade e, enfim, o amor geral pela humanidade, por objetos reais e pelas ideias. Todas essas expressões do amor são guiadas pelo mesmo impulso instintual sexual. Assim, a suposição que se faz é que a essência da mente grupal também está baseada em relações amorosas, ou laços emocionais.  O que mantém um grupo unido senão a força do amor? Por que um indivíduo abandona sua distintividade num grupo e permite ser influenciado por sugestão dos demais? Para estar em harmonia com eles, ou ainda estar em oposição a eles.

Na seção V "Dois grupos artificiais: a igreja e o exército" foca-se o problema em grupos com líderes, a saber, em duas estruturas grupais altamente organizadas, permanentes e artificiais: as igrejas e os exércitos. Artificiais porque existe uma força externa coercitiva que impede de desagregarem-se e evitarem modificações em suas estruturas. Nesses grupos prevalece a ilusão de que há uma cabeça, um líder, que comanda (igreja católica Cristo, exército o comandante-chefe) e ama a todos os indivíduos do grupo com amor igual. Essa ilusão é essencial, sem ela esses grupos se dissolveriam, o chefe é um irmão mais velho, um pai substituto. Nesses grupos as ligações libidinais acontecessem entre o indivíduo e o líder e entre todos os membros do grupo uns para com os outros, ocasionando assim um laço emocional tão intenso que obriga os indivíduos a limitar sua personalidade. Freud também descrever situações de pânicos nesses grupos e relaciona algumas situações de dissolução desses devido a falta de uma estrutura libidinal do grupo.

Na seção VI "Outros problemas e linhas de trabalho" várias outras considerações sobre os grupos são colocadas dentre as quais a situação de grupos com ou sem líderes, líderes secundários, ideias que podem substituir o líder etc. Contudo Freud continua na linha de que os laços libidinais dão conta de caracterizar esse tipos de grupos. Ele afirma que a psicanálise já apresentou provas que demonstram que a relação emocional íntima entre duas pessoas que perdura um certo tempo contém sentimentos de aversão e hostilidade, e que esses só escapam à percepção em consequência da repressão. Mas num grupo essa intolerância se desvanece de forma temporário ou permanente. Os componentes do grupo se comportam como se fosse uniformes, toleram-se, igualam-se e não sentem aversão por eles. Essa tal limitação do narcisismo somente acontece pelo laço libidinal com outras pessoas. O amor a si mesmo não resiste ao amor pelos outros, ao amor por objetos. A amor atua como fator civilizador, modificando o egoísmo em altruísmo.

Na seção VII "Identificação" sabe-se que a identificação é tida como a mais remota expressão de um laço emocional com o outro. Tem relação com o complexo de Édipo, um menino identifica-se com o pai que é o seu ideal (seu modelo) e para com a mãe a identifica como um objeto sexual. Com o tempo ambas as identificações se unificam culminando no complexo de Édipo, podendo até ocorrerem inversões em quem é o modelo e quem é o objeto sexual, mas o que é essencial é perceber que o ego se molda segundo o aspecto daquele que foi tomado como modelo. O objeto escolhido regrediu para a identificação, o ego assume as características do objeto. Contudo ainda há uma outra possibilidade de identificação: uma identificação baseada na possibilidade ou no desejo de colocar-se na mesma situação, isto é, surge uma percepção de uma qualidade comum partilhada com alguma outra pessoa que não é objeto de instinto sexual (empatia?).
Partindo de uma descrição da melancolia Freud cria uma nova instância crítica dentro do ego que assume uma atitude crítica para com esse. É o "ideal do ego" que assume a auto-observação, a consciência moral, a censura dos sonhos e o papel de repressor. Quando um homem não está satisfeito com seu próprio ego pode encontrar satisfação no ideal do ego que se diferenciou do ego.

Seção VIII "Estar amando e hipnose". Estar amando resgata a ideia da supervalorização sexual: o objeto amado desfruta de liberdade quanto à crítica, suas características são altamente valorizadas comparada a outras pessoas não igualmente amadas. Caso os impulsos sexuais estejam eficazmente inibidos, produz-se a ilusão de que o objeto agora é sensualmente amado devido aos seus méritos espirituais. Essa tendência que falsifica o julgamento é a idealização, nosso objeto está sendo tratado da mesma maneira que tratamos nosso próprio ego, quando amamos uma quantidade considerável de libido narcisista transborda para o objeto e, por fim, o objeto consumirá todo o ego! O auto-amor do ego se sacrificará para o objeto, haverá traços de humildade, limitação do narcisismo e outros danos causados a si próprio por estar amando. Em situação de um amor infeliz e que não pode ser satisfeito o ideal do ego pode perder a sua força, podendo o objeto ser colocado no lugar do ideal do ego. Então a diferença entre a identificação e estar amando para o ego é que no primeiro as propriedades do objeto foram introjetadas e no segundo ele se entregou integralmente ao objeto. Assim entre estar amando e a hipnose existe a mesma relação para o objeto amado. O hipnotizador contudo será colocado no lugar do ideal do ego, ele será o único objeto e será o responsável por verificar a realidade das coisas. A relação hipnótica é a devoção ilimitada a alguém enamorado, mas sem a satisfação sexual, mas no caso real de se estar amando esta satisfação sexual é temporariamente refreada e fica em segundo plano, como um objeto para ocasião posterior.
Assim Freud fornece uma fórmula para a constituição libidinal dos grupos com líderes: Um grupo primário desse tipo é um certo número de indivíduos que colocaram um só e mesmo objeto no lugar de seu ideal do ego e, consequentemente, se identificaram uns com os outros em seu ego.

Seção IX "O instinto gregário". Freud utiliza das ideias de Trotter sobre o instinto gregário ou instinto de rebanho para deixar mais claro a influência da sugestão sobre os grupos. Trotter defende a ideia que o instinto gregário é inato aos seres humanos e a outras espécies animais. Sozinho um indivíduo sente-se incompleto. Nesse instinto gregário Freud afirma que todos devem ser o mesmo e ter o mesmo. A justiça social que se estabelece é a de que negamos muitas coisas a fim de que os outros tenham de passar em elas, ou não possam pedi-las.

Seção X "O grupo e a horda primeva". A hora primeva possui um macho poderoso que é um governante despótico. O grupo é uma revivência dessa horda, onde nesse grupo os indivíduos achavam-se sujeitos a vínculos, mas o pai da horda primeva era livre. Seus atos eram fortes e independentes e sua vontade não necessitava do reforço dos outros. Assim, seu ego possuía poucos vínculos libidinais, ou seja, ele não amava alguém a não ser a si próprio, ou a outras pessoas na medida em que atendiam às suas necessidades. Hoje os grupos possuem líderes com essas mesmas características. Na morte do líder da horda primeva alguém o substituía e se tornava um novo líder com essas mesmas características, assim deve ser possível fazer uma transformação da psicologia do grupo para uma psicologia individual. O pai primevo impedira os filhos de satisfazer seus impulsos sexuais, forçara-os à abstinência, forçara-os à psicologia de grupo, seu ciúme e intolerância sexual foram as causas da psicologia de grupo. O seu sucessor adquiriu as possibilidades de satisfação sexual e, desta forma, ele saiu da psicologia de grupo. O pai primevo é o ideal do grupo, que dirige o ego no lugar do ideal do grupo.

Seção XI "Uma gradação diferenciada no ego". Cada indivíduo partilha atualmente de numerosas mentes grupais e também pode elevar-se sobre elas, desde que possua características de independência e originalidade. Freud também discorre sobre situações da melancolia.

Seção XII "Pós-escrito". Alguns pontos que não foram tocados nas seções anteriores são aqui retomados: A. A distinção entre a identificação do ego com um objeto e a substituição do ideal do ego por um objeto. B. A passagem da psicologia de grupo para a psicologia individual. C. Sobre os instintos sexuais e os instintos inibidos. D. Que os instintos sexuais são desfavoráveis para a formação de grupos. E. Uma comparação entre estar amando, hipnose, formação grupal e neurose.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Voltando...

Sr.s depois de um bom tempo sem postar prometo em breve retornar aqui para escrever no blog!
Só posso dizer que minha vida mudou bastante nesses dias que fiquei afastado: conheci ainda mais uma pessoa muito especial e outras interessantes, passei por situações psíquicas difíceis e por momentos ruins de saúde - principalmente um cálculo renal.
Mas estou de volta!
Só posso dizer que estou muito feliz com as perspectivas que se apresentam para mim neste fim de 2012!
Até breve....

terça-feira, 12 de junho de 2012

Totem e Tabu (parte II: Tabu e ambivalência emocional)

Nesta segunda parte, e dando continuidade a postagem anterior, vou descrever pontos que acho mais interessantes da seção II do artigo sobre "Totem e Tabu" de S. Freud.
'Tabu' sendo um termo polinésio pode significar, para nós, 'sagrado', 'consagrado' ou ainda 'misterioso', 'perigoso', 'proibido', 'impuro'. São proibições e restrições, algo inabordável. Apesar de, aparentemente, os tabus não possuírem fundamento e serem de origens desconhecidas, muitas vezes não inteligíveis para nós, são dominantes para àqueles que as aceitam.
A punição pela violação de um tabu, originalmente, era deixada para que o próprio tabu se vingasse. Mas numa fase posterior, quando deuses e espíritos foram inventados, os quais os tabus foram associados, esperava-se que a penalidade proviesse do poder divino ou que a própria sociedade, submissa ao tabu, encarregava-se da punição. Pessoas ou coisas consideradas tabu parecem ser um corpo carregado com eletricidade; possuem imenso poder que se transmite ao contato, podendo, inclusive, destruir aquele que o toca, pois esse que toca é fraco demais para aguentar a 'descarga'. Reis e chefes possuem esse grande poder do tabu e dirigir-se a eles pode ocasionar a morte daquelas pessoas que são muito inferiores a eles, mas agentes intermediários podem ser a ponte entre esse vale, entre essas hierarquias 'distantes', assim desempenhavam essa função os sacerdotes.
Os tabus sobre os animais, segundo os povos primitivos australianos, que consiste basicamente em não matá-los e comê-los, constituem o totemismo. Aqueles tabus sobre os seres humanos restringem-se, primeiro, a circunstâncias: rapazes são tabu numa cerimônia de iniciação, mulheres mestruadas ou após o parto, recém-nascidos, pessoas enfermas ou os mortos. Em segundo, elementos em que um humano possa fazer uso costumeiro é um tabu permanente para outros: vestuário, ferramentas ou armas. E outros tabus, são impostos aos seres inanimados: árvores, casas, plantas e localidades. Qualquer coisa que seja misteriosa ou provoque temor pode se tornar um tabu.
Freu evidencia que tanto os tabus como as doenças neuróticas, dentre elas aquelas com sintomas obsessivos, são igualmente destituídas de motivo, ambas misteriosas em suas origens. As práticas do tabu e dos sintomas obsessivos que concordam são (Freud, 1996, p.46): (1) o ato de faltar às proibições motivo qualquer atribuível;  (2) mantidas por necessidade interna; (3) deslocáveis e podem infeccionar o outro, isto é, podem ser passadas pelo contato ou pelo olhar, infectando o outro ou alguma coisa que pode, por efeito dominó, infectar algo ou alguém e assim por diante; (4) a criação de dificuldades para a realização de ações cotidianas ou cerimoniais. Há ainda um exemplo, de um caso clínico, de como essas práticas podem ser vistas numa criança que possui um conflito interno, uma ambivalência, entre o seu instinto e proibições externas (Freud, 1996, p.46-47).
O tabu aos mortos, expresso pela hostilidade inconsciente sobre os demônios - demônios esses que nascem da insatisfação do morto, intensamente insatisfeito com a sua morte, tornando então sua alma vingativa; com inveja dos vivos (Freud, 1996, p.73) - é ambivalente, no sentido que, de um lado, tem-se medo dos demônios e, no outro, faz-se a veneração aos ancestrais. Aqui o luto tem a missão psíquica de desligar dos mortos as lembranças e esperanças dos sobreviventes. Quando isso acontece o sofrimento aos poucos diminui e, consequentemente, também o medo aos demônios. Os espíritos que antes foram temidos agora recebem um tratamento mais cordial, são até reverenciados como ancestrais.
Por último, e já pulando várias páginas interessantíssimas, diferenciasse a neurose de uma criação cultural como é o tabu. Nos povos primitivos a violação de um tabu acarreta em severas punições ao infrator, como morte ou doença grave. Nas neuroses, por outro lado, o paciente teme que se fizer algo proibido, o castigo não cairá sobre si mesmo, mas sobre outra pessoa. O homem primitivo, parece, é egoísta enquanto o neurótico é altruísta.
"A natureza associal das neuroses tem sua origem genética em seu propósito mais fundamental, que é fugir de uma realidade insatisfatória para um mundo mais agradável de fantasia. O mundo real [...] é evitado pelos neuróticos [que] se acha sob a influência da sociedade humana e das instituições coletivamente criadas por ela. Voltar as costas à realidade é, ao mesmo tempo, afastar-se da comunidade dos homens" (Freud, 1996, p.85).
... continua na parte III ...

Referência
Freud, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Totem e Tabu (parte I: Horror ao incesto)

Encontro, em vários textos dos meus estudos psicanalíticos sobre os grupos, a menção ao artigo de Freud "Totem e Tabu" (1912-1913), sem contudo tê-lo lido. Pois bem, procurei nesse último fim de semana me aproximar desse interessante artigo, e aqui farei alguns recortes que acho interessantes. Como o texto não é de domínio de todos que aqui leem, farei resgate das passagens que julgo mais importantes, para a compreensão de temas que me interessam para os estudos dos fenômenos grupais.
Cap.I: Horror ao incesto
Sugere-se que se possa fazer a comparação entre a psicologia do homem primitivo e a psicologia dos neuróticos, pois há inúmeros pontos de concordância entre eles, que, de acordo do Freud, lançara luz sobre os fatos.
A base desses homens primitivos são os aborígenes australianos, isso porque são povos que têm pouco contato com outros de sua época. Têm hábitos de convívio pouco desenvolvidos, tais como, não criam animais, vivem da caça, não conhecem a arte da cerâmica etc. E, apesar dessa vida, esses povos estão submetidos a um elevado grau de restrição dos seus instintos sexuais, evitam o incesto.
Sua vida social é baseada no "totemismo". Cada subdivisão tribal australiana, os clãs, tem a denominação de um totem: "O que é um totem? Via de regra é um animal (comível e inofensivo, ou perigoso e temido) e mais raramente um vegetal ou um fenômeno natural (como a chuva ou a água), que mantém relação peculiar com todo o clã" (Freud, 1996, p.22). Os psicanalistas se interessam por esse tema, pois, em sua grande maioria, onde há totem também há uma lei que obriga que, pessoas do mesmo totem, tenham relações sexuais. É a "exogamia", uma situação relacionada com o totemismo.
Há interessantes descrições no texto sobre certos costumes de como as tribos praticam o totemismo. Em uma dessas descrições destacam-se os casos de evitação de um homem com sua sogra: são praticamente impensáveis as comunicações entre o homem e sua sogra, podendo ser consideradas como medidas protetoras contra o incesto, ou como um "corte" de relações ou de não-reconhecimento do homem, por ele se tratar de um estranho, até nascer o primeiro filho. Nos tempos mais civilizados não há dúvida que existe uma relação psicológica hostil entre sogra e genro, o que torna difícil a convivência entre ambos. Do lado da sogra há uma relutância em abrir mão de sua filha, dá-la a um estranho? A sogra perderia sua posição dominante dentro de sua própria casa? O genro, por outro lado, não quer se submeter a vontade dessa, que possui a afeição sobre a sua esposa antes dele. A sogra é a resistência que o atrapalha na sua supervalorização ilusória com origem nos seus desejos sexuais. A sogra, além disso, também tem características que lembram a filha, mas carece dos encantos da juventude, beleza e vivacidade que fazem com que sua esposa seja atraente a ele. Interpreto do texto que há ainda outra razão para que o genro tenha aversão a sua sogra: ele escolheu como objeto de amor sua mãe, mas devido ao incesto, seu amor é desviado dela para um objeto externo, modelado sobre ela. O lugar de sua mãe é agora assumido pela sua sogra. Ele não pode recair sobre a sua escolha original e luta para que isso não aconteça. Além disso, a sogra é uma pessoa nova na sua vida de modo que não existe uma representação dela no seu inconsciente. Apesar disso, ela realmente é alvo de seus sentimentos, é uma tentação ao incesto, mas conseguirá transferir esta flecha do amor para a filha dela.

Referência
Freud, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um novo olhar sobre o mundo da pesquisa

Sr.s após um longo tempo sem escrever - lembro que o último post foi em 14.mar.2012 - de lá pra cá muitas novidades surgiram. Pois bem, vamos a elas: o curso sobre os Fundamentos da Mecânica Quântica, que postei no anterior a este aqui não estou mais seguindo, pois coincide com o meu horário de Francês Regular nível 2. Acredito que perdi por um lado não podendo mais participar dos constructos teóricos que o prof. Osvaldo P. Júnior nos apresentou, mas por outro lado preciso melhorar meu francês para pleitear meus estudos na França ano que vem (2013 ou 2014 (?)).

Além disso, as aulas da pós-graduação com a prof.a Maria da Graça J. Setton nas segundas-feiras de manhã, sobre o sociólogo Norbert Elias têm me dado mais estímulos para me debruçar sobre os estudos que faço sobre a sociedade, cultura e valores. Em particular a análise dos aspectos de configuração da UFPR Litoral com sua história, seu contexto, seus espaços de atuação e suas formas de legitimação. Já consegui ler boa parte do livro "Introdução a Sociologia" onde o autor descreve seu ponto de vista sobre a formação da sociedade - sugiro fortemente a leitura várias vezes desta obra.
Também li "A sociedade de corte" onde se descrevem os processos de manutenção do poder por Luís XIV, a forma como o rei sustenta a aristocracia e a burguesia. Os aristocratas procuram manter seu status social e para tal criam ou mantêm etiquetas sociais de corte que são altamente excludentes para a ascensão social da burguesia, estes comportamentos cada vez mais sofisticados não possibilita que outras classes venham a substituir a sua como a favorita do rei. O autor também detalha aspectos arquitetônicos das construções das diferentes classes sociais, as etiquetas à mesa, na cama - o levantar e dormir do rei e de sua família -, no dia a dia destas classes. É interessante observar que o rei necessita manter o equilíbrio desigual destas classes para que consiga se manter no poder. Ele cria tensões internas necessárias para que a sociedade de corte se mantenha forte, apesar de várias mazelas que a aristocracia sofre para ascender nesta sociedade e dos fortes comportamentos antissociais pensados pela nobreza para que a ascensão da burguesia não seja valorizada.
Manter forte a corte passa pela manutenção de comportamentos sociais que não agradam aos nobres como um todo, mas são necessários para manter no devido degrau o rei e sua família e em degraus abaixo os demais vassalos do castelo real.
Novas leituras sobre Norbert Elias ainda serão feitas ao longo deste semestre e trarei aqui as minhas interpretações sobre o autor.

Assisti recentemente o filme "Um método perigoso", de David Cronenberg que relata o nascimento da psicanálise e as tensões existentes entre Freud e Jung* nas concepções sobre os fundamentos desta nova ciência, ambos pais fundadores de correntes não necessariamente coincidentes. Com um roteiro que pode chocar alguns ou deixar outros com desejo de quero mais, como é o meu caso, temos aqui interessantes interpretações que se faz sobre os métodos psicanalíticos. O filme foca em Jung na sua busca da comprovação do método psicanalítico como, por exemplo, aquele de se colocar atrás do analisado. Li recentemente o livro "O Livro da Dor e do Amor" de Juan-David Nasio, onde o autor descreve que a dor física ou da perda são os mesmos tipos de dor, ou seja, em outras palavras dor e amor são os mesmos tipos de sentimentos, mas sentidos de forma pouco diferente pelo psique. Esclareço. A dor física pode ter a ver com um membro que fora amputado ou perdido, uma dor de agressão ou de algum tipo de moléstia fisicamente sentida, é uma dor que o organismo psíquico sente da mesma forma que qualquer outra dor. A dor da perda, ou dor de amar, relaciona-se mais com a perda de um ente querido, alguém especial que se quer ou que se ama, entendida pelo psique também como uma perda, uma dor (do amor).
Pois bem, no filme Jung possui uma amante que tem prazer em apanhar no sentido masoquista, este já é um prazer que vem da infância e que persiste até a sua idade adulta. A amante sente prazer em sentir dor física ou de humilhação e não somente para si, mas em situações em que dores ou humilhações aconteçam com qualquer pessoa ou coisa, um sadismo. É como se o organismo psíquico dela necessitasse deste tipo de situação para se satisfazer. Num determinado momento Jung e a paciente, sua futura amante, estão passeando e o casaco dela cai ao chão e ele bate no casaco da amante para limpá-lo e ela goza, pois sente prazer na dor de ser humilhada pelo psicólogo. Num outro momento ele desiste dela como amante e ela sente a dor da separação, mas ao contrário do que se esperaria de um ser humano normal, ela sente prazer em ser desprezada, novamente goza.

E por último sobre minhas caminhadas disciplinares aqui na USP: as aulas que assisto como monitor PAE aqui na USP tem me trazido muitas elucidações sobre os pensamentos clássicos dos autores como Émile Durkheim, Peter Ludwig Berger, Norbert Eliasm e Charles Wright Mills. Em outro momento detalharei mais sobre estes autores e suas relações.

Sobre o doutorado em si acredito que começarei em breve a remexer ideias que o pacto denegativo - aquilo que não se questiona - da UFPR setor Litoral tem escamoteado: suas angústias, seus problemas e os desejos que cada um almeja quando se faz parte de um grupo como este com seus ideais emancipatórios. Penso que cada ator deste setor da universidade abdicou de certos ideais para fazer parte deste sonho para que sua psique se satisfizesse, mas quais são estes sonhos? O que os motivo a continuar participando deste projeto? Que "coisas" devem ser agora externalizadas para que amadurecimentos grupais aconteçam? E assim vai... há muitas outras questões que pretendo começar a analisar.

* Em versão anterior deste texto havia me referido a Lacan, o correto é Carl Gustav Jung (1875-1961). Foi um enorme erro e peço desculpas aos leitores.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Entre a visão estruturante do mundo e a visão filosófica da mecânica quântica

Após um bom tempo de pausa volto aqui descrevendo os acontecimentos que aconteceram nesta semana e que continuam a me trazer clareza sobre as posturas que tenho adquirido ao longo de minha vida.

Cada do livro "O Processo Civilizador",
de Norbert Elias.
Na segunda-feira pela manhã começamos os estudos sobre o sociólogo Norbert Elias, com a professora Maria da Graça Setton da FEUSP, onde nos foi solicitado a leitura, dentre outras, do livro "Norbert Elias por ele mesmo". No mesmo dia consegui terminar o livro, pois o li com muito gosto lá na biblioteca da FFLCH-USP - o motivo era o ar-condicionado do local!
Pois bem, Elias é realmente um sociólogo impressionante pela vivacidade e busca da clareza nos temas que pesquisa. Deixou-me bastante surpreso o fato de desde muito cedo já ter uma não posição política, ou melhor, de não ter preocupações ideológicas para a esquerda, direita ou centro com relação ao próprio governo do seu país ou cidade ou qualquer outro local em que se encontrasse, mesmo no caso da Alemanha na primeira guerra mundial. Isto o colocou numa posição talvez neutra em muitos conflitos, mesmo tendo participado no front da primeira guerra mundial. Por exemplo, quando da ocasião que estava presente num discurso em praça pública de Hitler, Elias não afirma que Hitler era ruim ou bom, mas que possuía um discurso voltado para as massas que o impressionou muito. O autor também já sabia desde cedo que queria fazer algo relevante para a sociedade e que seria um pesquisador/professor universitário, passou a sua vida toda procurando ser reconhecido como um acadêmico que buscava desenvolver mudanças relevantes e úteis nas pesquisas acadêmicas afirmando que buscava uma "nova revolução copernicana do pensamento e da sensibilidade".
As suas experiências vividas em atividades de fábrica (indústria), no exército, nos movimentos sociais políticos, nas academias por onde passou, nas situações antissemitas que vivenciou, não alteraram a postura de um homem bem claro nas suas metas. Uma delas é o desvelar dos fatos a todo custo, esclarecendo, revelando, as ideologias que estão encobrindo as verdadeiras intensões dos fenômenos sociais, até mesmo afirma que Max Weber e Karl Marx elaboraram teorias sociológicas belas, mas com campos de aplicação extremamente carregados de ideologias.
Com uma formação em medicina e filosofia, Elias pode ser considerado um dos fundadores da sociologia, alguém que não precisou, e nem tinha como, passar por um processo acadêmico de formação (ou formatação?) do pensar sociológico. O que trouxe vantagens metodológicas claras sobre como abordar os temas que escreveu ao longo dos seus 93 anos (1897-1990).
Temas que seriam muito estranhos até mesmo hoje, mas que o autor soube muito bem articular entre o fato social aparentemente comum experimentado no cotidiano com as construções históricas sociais vividas pelas sociedades. Em particular sugiro ao leitor o livro "O Processo Civilizador" onde o autor descreve normas de etiquetas, suas gêneses e processos históricos, tudo isso agregado as análises sociais, históricas e, talvez, psicanalíticas dos processos. É realmente um livro muito interessante.
Elias defende uma visão estrutural do mundo, com a ideia de estrutura entendida aqui como algo processual, conectado e dinâmico, não estático, apesar do nome estrutura nos remeter a algo rígido. É certo que ainda tenho muito a entender sobre estes conceitos, mas até o fim do semestre poderei melhorar esta definição.

Professor Osvaldo Pessoa Júnior na aula sobre
Fundamentos da Mecânica Quântica,
no Instituto de Física da USP
Noutro sentido, hoje assisti a aula do professor Osvaldo Pessoa Júnior, da FFLCH-USP, sobre Fundamentos da Mecânica Quântica e fiquei muito contente com a clareza da aula, o professor a todo o momento nos leva a refletir sobre cada conceito apresentado, sobre as diferentes posturas realistas ou fenomenológicas das diferentes interpretações que a física faz sobre os comportamentos da realidade do mundo do muito pequeno (em particular do mundo dos quanta).
Ficou claro que as interpretações sobre os fenômenos quânticos têm pressupostos realistas x fenomenológicos. Explico.
Os defensores da realidade independente dos observadores são os fenomenológicos, para eles pouco importa se a realidade é interpretada de uma forma ou de outra, no caso da física quântica se as entidades (elétrons, fótons, etc) são interpretadas como ondas ou partículas. O que interessa mesmo é que o fenômeno possa ser interpretado dependendo do ponto de vista do observador e que este possa alterar sua posição ou referencial de observação em relação a certo evento ou fato. Um exemplo citado foi que um agnóstico é um claro exemplo de um fenomenologista, visto que perguntar se Deus existe não faz nem sentido (lógico) para a descrição dos acontecimentos, é como dizer "Não interessa como a coisa é em si (ontologia), mas que os fatos, como são apresentados e vistos, são usados". Defendem esta ideia o físico Niels Bohr e toda uma classe de cientistas que procuram descrever os fenômenos do ponto de vista corpuscular e estatístico. Aqui não faz sentido perguntar como a realidade é antes de qualquer medição (ou detecção) e mesmo após a medição somente se cria um possível quadro de interpretação do fenômeno, sem contudo se posicionar sobre a sua ontologia.
Os realistas já acreditam que existe uma realidade independente da nossa (humana) e que os fenômenos e eventos possuem toda uma explicação. Dentre estes há os defensores da interpretação ondulatória que admitem apenas fenômenos quânticos descritos por ondas e que a observação de uma partícula, por exemplo, é um colapso da função de onda. Outros admitem apenas que existam partículas, mas não ondas. E outros, como David Bohm, que acreditam que associado a onda há uma partícula e que a onda guia a partícula. A imagem a seguir parece descrever bem essa interpretação.
Acredito que por hoje é só, pretendo em breve voltar a descrever mais atividades deste meu doutorado.

domingo, 1 de janeiro de 2012

2012

Um novo ano com novos elementos a se delinearem, há desafios para mim na área da sociologia da educação com a monitoria PAE na USP, a melhora na problemática da minha tese de doutorado, as entrevistas, a análise dos egressos da licenciatura em Ciências no segundo semestre deste ano e assim vai... Ah! Ainda também a estudar o francês e o inglês para um possível doutorado fora do Brasil.
Mas gostaria de detalhar alguns acontecimentos do ano anterior começando pelas conversas recentes com docentes da UFPR (setor) Litoral. Constatei que os processos de inculcação da proposta pedagógica da UFPR Litoral ainda acontecem, principalmente por parte da direção, pois ano passado o diretor ministrou um curso aberto a todos os docentes, mas que ao meu ver ainda carece de uma sistemática e uma estrutura para que se torne um processo standard no setor. Não há, ao meu ver, sequer como validar este curso como uma disciplina isolada e nem como publicá-la como horas-atividades de formação docente, é sim um processo mais interno do setor.
Isso em relação a minha tese já delineia que muitos processos na UFPR Litoral estão alienando os docentes de certas realidades nacionais. Explico. Consegui finalmente entender várias correntes teóricas que o projeto político pedagógico (PPP) do setor Litoral tem por base, mas isso somente após cursar um ano de disciplinas na área da educação do meu doutorado da USP. Reconheço que vários docentes colegas meus, que não têm leituras na área da educação, estão na proposta do PPP como numa onda pedagógica, surfando sobre a onda e caso ela se altere eles também assim o farão. E esse não é um comportamento somente deste grupo de professores, mas é algo que nacionalmente ocorre. Esta última frase mereceria toda uma série de considerações, mas aqui não acho oportuno me delongar nesta problemática. Não é o meu foco neste momento.
Neste sentido digo que os processos alienam alguns docentes do setor, fazendo com que achem que o que temos é inovador ou mesmo único no país. Podemos até fazer coisas diferentes, talvez algumas únicas, mas nem todas são isoladas de correntes teóricas educacionais, na verdade acredito que algumas correntes teóricas nem sejam explícitas e que não sejam nem de acordo com os ideais educacionais de muitos. Até constato isso num grupo de docentes que têm se reunido em off fora das estruturas oficiais de encontros para discutir e se tornar forte, principalmente via infiltração nas estruturas organizacionais da universidade, acredito para que todos os processos se tornem mais transparentes. Talvez a última eleição para os representantes do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), ocorridas em dezembro último deixem isso claro. A propósito considero que foi uma eleição vitoriosa para todos do setor, mesmo a chapa "contrária" aos interesses atuais sendo a vencedora.
Na área de formação dos docentes em Ciências não tenho visto mudanças em relação àquilo que tínhamos já quando de minha saída em fevereiro de 2011. As atas das reuniões tem apenas mostrado uma acomodação do projeto pedagógico do curso (PPC) ao PPP e aos módulos do curso ao PPC. Ao meu ver algo que já era previsível.
Passar pelo processo de estranhamento ao qual estou submetido para compreender o PPP, o PPC e que auxilie no meu doutorado, tem me ajudado a olhar a nossa licenciatura como outras tantas que procuram inovar, mas que contudo ainda não têm atingido o impacto necessário a nível nacional. Aqui fica latente a necessidade de uma discussão a nível nacional sobre a formação deste profissional no ensino das Ciências.